"ESSA SIMPATIA MOSTRADA POR JORGE VIANA NÃO PASSA DE FALSIDADE"

Matéria relacionada ao site http://www.ac24horas.com/, do dia 17/05/2009, realizada pelo reconhecido jornalista Ailton Oliveira ao ex-prefeito de Acrelândia por três vezes e Presidente Regional do PSDB, Tião Bocalon.
Tião Bocalom, na sala de aulas com vistas ao palácio Rio Branco
17/05/2009 - 11:37
Aos 56 anos de idade e esbanjando energia de causar inveja a muitos jovens, o ex-prefeito de Acrelândia por três vezes e Presidente Regional do PSDB, Tião Bocalom, se tornou o principal nome de oposição ao atual governo instalado no Acre e referência do PSDB nacional que em 2010 disputa a presidência da república com o hoje, nome mais cobiçado para a sucessão de Lula, o governador do estado de São Paulo, José Serra.Mas o que faz atualmente esse homem que depois de duas campanhas majoritárias (Governo em 2006 e prefeito de Rio Branco em 2008) causa temor ao império montado pela frente popular que, tenta a todo custo inviabilizar sua candidatura ao Governo do Estado em 2010? Gozando de uma amizade particular com o líder tucano, o jornalista Ailton Oliveira o procurou em Acrelândia e fez uma entrevista descontraída. Bocalom fala de seu trabalho em sala de aulas como professor de matemática, de família, da crise que assola o mundo e claro de política e próximas eleições.

Dando aulas. Muitas das quase 36 mil pessoas de Rio Branco que confiaram o voto à Tião Bocalom nas últimas eleições devem ficar imaginando, onde está ele? O que está fazendo? A resposta: dando aulas de matemática, todas as terças e quartas feira na Escola Estadual professor Pedro de Castro Meireles em Acrelândia e os demais dias permanece em Rio Branco ou visitando os outros municípios. E pelo menos uma vez por mês, visita a colônia que possui no quilômetro 24 do ramal do bigode, na Br 364.Foi na varanda de sua casa, na Rua José de Deus, que tivemos uma conversa descontraída sobre sua vida atual e perspectivas para o futuro. Acompanhe a entrevista.

Repórter - Como está o Bocalom hoje? Fazendo o quê?

Bocalom - Eu estou ótimo, Graças ao Nosso Bom Deus. Nas terças e quartas feiras dou minhas aulinhas em Acrelândia, curto minha esposa, minha filha e minhas netas, nestes dois dias, e os demais, passo em Rio Branco, ou visitando os outros municípios. Semana passada mesmo, cheguei do Juruá, onde visitei Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves além de Feijó e Tarauacá. Para se ter uma idéia, depois das eleições do ano passado, não tenho parado. Visitei os municípios do Alto Acre pelo menos três vezes, além de estar sempre nos municípios vizinhos de Rio Branco. Ah! Sim, pelo menos uma vez por mês visito minha colônia. Lá (Na colônia), tenho tentado colocar em prática aquilo que defendo para os produtores rurais, e neste momento estou implantando o sistema Voizin para manejo de pastagens, onde quero chegar a cinco cabeças bovinas por hectare. Com isto, quero mostrar na prática que não basta apenas proibir desmatar, queimar, mas principalmente apresentar aos nossos sofridos produtores, que existem saídas que precisam estar num programa de governo para que se possa implantar novas tecnologias não só na pecuária, mas também na agricultura. Essas tecnologias custam caro e somente um governo comprometido com o Ser Humano, investiria pesado, no sentido de subsidiá-las, e aí sim poder falar em desmatamento zero e fogo zero. Este governo que aí está só sabe proibir e fazer obras superfaturadas para beneficiar a famosa panelinha que há alguns anos atrás na sua grande maioria andava a pé, não tinham nem casa para morar, e hoje é invejável o tamanho do patrimônio que têm em seus nomes ou em nomes de laranjas.

Repórter - Vamos nos aprofundar em falar de política daqui a pouquinho. Primeiro vamos falar do homem simples. Você voltou para a sala de aulas. Como é que você se sente? Para você que se tornou o principal nome de oposição no estado, que desafia o império da frente Popular, voltar para a sala de aula é sinônimo de derrota? Aliás, você se sente derrotado nas eleições?

Bocalom – De jeito nenhum. Eu fiz mais de 35 mil novos amigos só em Rio Branco. A maioria destas pessoas eu não tive o prazer de apertar suas mãos antes das eleições. Foram votos conscientes, foram pessoas que acreditaram em nossas propostas. Esta nossa votação representou mais de 22 por cento dos eleitores que vivem em Rio Branco e estão desgostosas com o modelo de governo do PT. Esta eleição de Rio Branco nos deixou uma certeza: A de que a Frente Popular comandada pelo PT, apesar do poderio do dinheiro, que tenta comprar as pessoas, que compra os espaços nas TVs, nos rádios e nos jornais, para veicular matérias a seu favor, já não consegue mais enganar o sábio povo acreano, portanto, 2010 será sem sombras de dúvidas, a nossa vez, a vez das oposições. Quanto à sala de aulas, você me conhece, sabe do amor que tenho por minha profissão. Para mim é um orgulho voltar para a sala de aulas, especialmente depois de alguns anos, estando do outro lado, como cobrador da melhoria da qualidade de ensino, e estou podendo perceber que ainda falta muita coisa para que a qualidade do ensino possa melhorar. As nossas crianças de hoje, não vou muito longe, não são iguais as de 10 anos atrás. Existe muito mais tecnologia a sua disposição, mas são também muito mais problemas familiares, muito mais drogas na sociedade, e muito menos empregos proporcionalmente, o que causa na maioria das famílias acreanas a falta do mínimo necessário para uma vida mais digna, resultado de uma política econômica estadual sem rumos, sem objetivos e sem compromissos com a geração de emprego e renda. Com este meu retorno à sala de aulas, estou podendo vivenciar os problemas, e se for da vontade de Deus e do nosso querido povo acreano, quando eu estiver novamente do outro lado, saberei adotar medidas verdadeiras e não politiqueiras, para efetivamente melhorar a qualidade do ensino em nossas escolas acreanas.

Repórter – Mas você é formado em matemática e em Ciências Físicas e Biológicas, estando habilitado a lecionar para o ensino médio. Não seria melhor você estar atuando no ensino médio, já que a maioria dos alunos são eleitores?

Bocalom – Não filho, eu sou político, gosto de política, mas nunca irei misturar as coisas. Ensinar é uma coisa que me realiza. A educação tem que ser tratada com seriedade e dedicação. Junto com a Beth (Esposa) que também é professora de matemática, estamos desenvolvendo um projeto nas 5ª séries que visa a melhoria da qualidade do ensino, detectando os gargalos que existem no ensino da matemática, especialmente o raciocínio lógico que as crianças em sua grande maioria, não conseguiram desenvolver de forma satisfatória até a quarta série. Estamos desenvolvendo esse projeto desde o ano passado. O resultado de 2008 foi um sucesso. Hoje, meus colegas, professores que lecionam nas 6ª séries, já notaram a diferença. Neste ano de 2009 estamos aprimorando nossas técnicas e penso que teremos um salto melhor no alcanço dos objetivos que propusemos.

Repórter – se não estou enganado, em 1993, você era prefeito e lecionou de graça para que o 2º grau fosse implantado em Acrelândia.

Bocalom – Boa lembrança. Isso é uma prova de que faço as coisas com a razão, pensando, nos outros, e não apenas em mim. Na época faltava professor para as disciplinas de Matemática e Física, e sabedor do benefício que estava chegando em meu município, era importantíssimo a implantação do ensino médio em Acrelândia, e durante quase um ano, trabalhei de graça até que conseguiram um professor para lecionar estas disciplinas.

Repórter – Como matemático qual a avaliação que você faz dessa crise que assola o país?

Bocalom- Quero dizer que esta crise não é uma marolinha, como disse o presidente Lula. É uma crise profunda, que por enquanto ninguém consegue vislumbrar o seu tamanho e qual o estrago. Penso que especialmente aqui no Acre, ela já está sendo sentida com muito mais força do que em outros estados brasileiros, visto que nossa economia é totalmente dependente do contra cheque público. Somente nos quatro primeiros meses deste ano, o FPM e o FPE, que são as fontes majoritárias de recursos dos municípios e do Estado, respectivamente, perderam em relação ao mesmo período de 2008 mais de 18%, o que significa mais de 50 milhões de Reais que deixaram de circular na economia acreana, acabando com milhares de empregos, e, estes desempregados daqui a 5 meses vencerão os seus seguros desemprego, onde buscarão outro emprego? Muitos já estão deixando o Acre e indo buscar empregos em Rondônia, onde existe um modelo de desenvolvimento verdadeiramente sustentável, que visa primeiro o ser humano, com incentivos para que a iniciativa privada gere empregos, e que os meninos do PT sempre condenaram. Só para ver o contraste, um ex-senador do Acre, foi arrumar um trabalho sabe onde? Em Rondônia. E um ex-governador? Em Minas Gerais, governado pelo PSDB, em uma indústria de helicópteros. Quanta ironia do destino! Para mim, precisamos mudar radicalmente o modelo de desenvolvimento deste Estado, incentivando com políticas claras e confiáveis, novos investidores privados afim de que eles comandem nossa economia, gerando empregos de forma sustentável, para que os nossos jovens ao concluírem um curso superior não precisem deixar o nosso querido Acre. E para encerrar esta resposta, quero dizer que o Brasil deixou nestes últimos 5 anos, passar a grande oportunidade de crescer, como cresceram a China, a Índia e outros países, crescendo nas Américas mais, apenas do que o Haiti, um país que vive em guerras. E olha que as bases da economia para um crescimento sustentável, que estão no tripé câmbio flutuante, superávit primário e metas de inflação, foram deixadas pelo PSDB, porém, Lula ao invés de investir na modernização do Estado e na infra-estrutura, preferiu aparelhar a máquina pública contratando milhares de seus incompetentes companheiros, aumentando com isto os gastos correntes e não em investimentos como manda a cartilha do bom gestor público.

Repórter – Política atual. Como você analisa o atual governo?

Bocalom – Infelizmente este governo do PT que já está aí a mais de 10 anos, não gerou os 40 mil empregos, não construiu as 20 mil casas populares e nem implantou a saúde de primeiro mundo como prometeram. Enganaram a todos. É um governo de concretos e tintas, de obras faraônicas superfaturadas, que se esqueceu do ser humano, valorizando mais as árvores e os bichos. Um governo que, com as declarações que deu à imprensa chamando nossos policiais de baderneiros e as atitudes que tomou, punindo e querendo levar a categoria à falência pedindo a aplicação de multas contra a associação responsável pela greve, deixa claro que é ditador.Eu visitei o acampamento dos PMs e sabe o que eles me disseram? “Bocalom quando você for governador, ouve a categoria para escolher o comando, discutir salários, melhoria em nossas condições de trabalho e resultados”. É uma vergonha o que o PT, que antes defendia os movimentos sindicais, está fazendo com nossos servidores. E não são só os PMs que estão sendo humilhados, não. Professores, médicos, enfermeiros, defensores públicos, enfim, o servidor público em geral não tem o respeito que merece desse governo. Olha o que eu estou te falando, eles vão enrolar esse povo até o ano que vem, e aí sim, vão dar um aumentozinho e dizer que se preocupa com o funcionalismo. Você sabe que eles agem assim.

Repórter – Quais os seus planos para as próximas eleições?

Bocalom – Sou um soldado do PSDB. Estou mantendo contato com nossa executiva nacional e seguindo sua orientação, além de um grupo de partidos como o DEM, PPS, PMN, PHS, PTdoB, e outros que estamos conversando, que hoje estão neste projeto de realizarmos a grande mudança do modelo de desenvolvimento neste Estado. Eles (PSBD nacional) querem que eu seja candidato ao governo para, inclusive, dar um palanque forte ao futuro candidato à presidência da República, José Serra, e não vejo dificuldades nisso. Tenho certeza que nosso povo está clamando por mudanças e estou a disposição para isso. Precisamos apenas ajustar as conversas com os demais partidos que estão neste projeto.

Repórter – Vamos ser bem francos, você acha que pode ganhar do senador Tião Viana em uma eleição para governo?

Bocalom – Por que não? Vamos ganhar dele ou de qualquer outro que o PT indicar. O povo Acreano já viu que esse sistema de governo implantado está falido. A saúde de primeiro mundo prometida por esse senador, mesmo tendo o irmão governador por 8 anos e sendo amigo do Lula, não apareceu. Esse pessoal sempre esteve preocupado com eles mesmos e seus amigos ricos.Olha a que ponto ele (Senador Tião Viana) chegou: mudar nosso horário. Fuso horário é determinado por uma convenção técnica mundial, obedecendo a geografia. E sabemos que essa mudança só beneficiou os bancos e as grandes empresas. Nossa sorte é que o deputado federal Flaviano Melo, está aprovando um projeto em Brasília para realizar um plebiscito para ouvir a população. Isto deveria ter sido feito antes de realizar por decreto esta mudança.Esta é mais uma prova do jeito ditador desse pessoal que hoje ocupa o poder no Acre.

Repórter – E se o candidato for o Jorge Viana? Você sabe o quanto ele é carismático.

Bocalom – Uma coisa é carisma, outra coisa é máscara quando está junto do povão. Essa simpatia aparente mostrada por ele não passa de falsidade. Eu estive do lado dele e sei disso. E você esteve lá e sabe disso também. Não foi por isso, que saímos do meio deles? Pois é. Na verdade esta máscara está caindo. O povo está vendo que por trás desta aparente simpatia, foi enganado, e a vida melhorou apenas para uma panelinha, como dizia a música de campanha em 1998, “A vida vai melhorar, a vida vai melhorar”, só não melhorou para os mais pobres, que continuam sem empregos e o bolsa família tendo que socorrer a cada dia, mais famílias, pois os 40 mil empregos não chegaram, e continuamos comendo a comida mais cara do Brasil, pois vem quase tudo de fora; sem contar as outras áreas como saúde, segurança pública, educação, que continuam praticamente no mesmo patamar de 98.Olha que dinheiro não faltou. A quantidade de dinheiro que este governo recebeu e, a quantidade de dívidas que fizeram para os nossos jovens acreanos pagarem no futuro via BID, BIRD e agora acharam uma fonte de financiamento que fazem o que querem, sem serem molestados pelo TCU, que é o BNDES. Mas a palavra de Deus diz que você pode enganar por um tempo, mas não, para sempre.Mesmo eles dominando parte da imprensa, Graças a Deus ainda temos guerreiros que lutam contra essa tirania. Já estamos vendo aí as manchetes mostrando as enganações deles. O asfalto de cruzeiro do Sul a Tarauacá não passa de uma farsa. Foi apenas um meio de eles ganharem dinheiro. O TCU condena a obra por superfaturamento e má qualidade e está pedindo a devolução de mais de 20 milhões de Reais de apenas um trecho. E o anel viário que para agradar os gringos, eles chamam de Via verde, em apenas 15 quilômetros, meteram a mão em mais de dois milhões e meio de Reais, também constatado pelo TCU.Buscando um pouquinho as lembranças, o coitado do saudoso Edmundo Pinto foi tão condenado por eles, que falavam em superfaturamento do parque da maternidade.E o Orleir que fazia asfalto nas Brs a 300 mil Reais o quilômetro, diziam que ele roubava e superfaturava as estradas. E agora, a BR para Cruzeiro a 4 milhões o quilômetro; os calçamentos de ruas de Rio Branco por 780 mil o quilômetro; as paradas de ônibus por 17 mil. O que vamos dizer destas barbáries?Eles que tanto falavam em falcatruas dos outros, há pouco tempo investiram mais de 36 milhões de Reais do Estado em um banco que faliu lá em São Paulo e deram um prejuízo enorme aos cofres públicos, sem falar da quantidade de dinheiro desviado nas obras superfaturadas que o TCU denuncia todos os anos. Nisso eles não falam.O povo já está alerta para esse pessoal. Venha quem vier deles. Tenho certeza que dessa vez o povo vai eleger um candidato de oposição.

Repórter – Você é candidato?

Bocalom – Ainda é cedo para falar sobre isso. Volto a insistir: se meu partido e os nossos aliados quiserem, sou um soldado, e atenderei ao comando. Mas ainda tem muita água para passar por baixo da ponte. Estamos conversando com as lideranças de oposição e com certeza decidiremos o que for melhor para o Acre.Repórter – quais suas palavras finais para encerrar essa entrevistaBocalom – (Risos) eu quero desde já, agradecer ao veículo de comunicação que tiver a coragem de publicar esta entrevista. Você sabe que eles querem mandar em tudo e só deixar falar quem mente por eles.Mas queria aqui também, pedir para que cada uma das pessoas que votou nas oposições para o governo do Estado em 2006 e para prefeitos de Rio Branco e do interior em 2008 que continue sonhando junto conosco, pois ninguém é imbatível, e o poder eterno é somente o de Deus.Hoje vemos pelas ruas de Rio Branco e nos outros municípios que visitamos, o desejo de mudança. Já começamos as visitas por Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia e Xapuri com a Caravana da Mudança, que é composta pelos partidos PSDB, PMDB, DEM, PPS, PMN, PHS e as próximas visitas já contaremos também com o PT do B, além de outros que estamos aguardando.As oposições no Acre, nunca tiveram tão unidas quanto agora. Esta união não está se dando em torno de um nome, mas em torno de um projeto que é o de mudar o modelo de desenvolvimento deste Estado. Vamos oferecer ao querido povo acreano um modelo que valoriza o Ser Humano e tem compromissos com a geração de empregos, com melhorias na saúde, segurança, educação, aplicação correta dos recursos financeiros, sem roubar, realizando obras funcionais e sem superfaturamentos, que dê liberdade de expressão e aceite o contraditório, que tenha respeito ao meio ambiente, tendo o homem como centro, enfim, que traga melhora para a vida de todos, e não apenas para uma panelinha como está acontecendo hoje.

Entrevistas como essas, tem de ser divulgadas em todas as diversidades....